“Schmidt tem de ser chamado à atenção, não pode gerir o plantel como no ano passado”
Diogo Luís, antigo jogador do Benfica, considera que estratégia dos encarnados falhou, vê motivos para os adeptos estarem preocupados e frisa que algo deve ser feito para que os atletas não queiram sair do clube
A derrota do Benfica frente ao Famalicão por 2-0 na jornada inaugural da Liga fez soar alarmes junto dos adeptos benfiquistas. Para Diogo Luís, antigo lateral-esquerdo das águias e atualmente analista de futebol, a formação de Roger Schmidt falhou em todos os aspetos do jogo.
“Eu não sou daqueles que acha que o Benfica fez uma grande pré-época, contra o Fulham não deixou boas indicações. [Contra o Famalicão] Falhou a estratégia, Benfica não percebeu com quem estava a jogar. Falhou o posicionamento, jogou de forma previsível, coletivamente a equipa não está bem trabalhada e individualmente faltaram jogadores que façam a diferença”, começou por dizer, em declarações a A BOLA.
O colaborador do nosso jornal frisa que «a entrada de Di María colmatou um pouco essa falta de criatividade», mas como o extremo argentino «ainda não consegue fazer diferença» pois «regressou agora de férias». «A equipa do Benfica posicionou-se mal e chegava tarde às bolas, não foi só a parte física a falhar, foi também como a equipa estava organizada», rematou.
Para o antigo lateral das águias, o resultado negativo é motivo mais do que suficiente para que os adeptos estejam algo preocupados: «Era um dia importante para o clube Benfica dar um pontapé no que foi a época o ano passado, sobretudo depois da entrada do Sporting, que perdeu por 3-4 contra o FC Porto na Supertaça, mas deu uma boa resposta e entrou forte no campeonato. O FC Porto também foi dominador no seu jogo, embora não tanto como o Sporting, e ganhou. Todos esperavam um Benfica diferente e que reagisse, porque está a reagir ao que foi a última época. Não só não reagiu como foi apático, voltou a não ter ideias e a fracassar. Coletivamente não está trabalhado, por isso sim, há motivos para os adeptos estarem preocupados.»
Diogo Luís sublinha que, para que o Benfica consiga dar a volta à situação, «Roger Schmidt tem de fazer o seu trabalho dentro do campo, trabalhar automatismos, analisar adversários e perceber os seus pontos fortes, perceber que o Benfica é previsível», deixando claro que as águias «têm de criar movimentações que possam criar surpresa nos adversários» e que «a equipa tem de evoluir como um todo».
Sobre o papel de Rui Costa, presidente do clube, o comentador desportivo considerou que deve haver um maior equilíbrio entre a vertente financeira e a desportiva e que devem ser criadas condições para os ativos da equipa ficarem: «Rui Costa tem de ajudar no sentido que não pode permitir, por exemplo, que David Neres saia. Devem ser criadas condições para Neres ficar. O Benfica é um clube grande, toda a gente gostaria de jogar no Benfica, porque é que estes jogadores querem sair? Não é só Neres que quer sair, Arthur Cabral, Tiago Gouveia, Morato, até Kokçu eventualmente… é preciso perceber o que está por trás de tanta insatisfação no que é um bom plantel. Rui Costa tem de perceber que tem de haver equilíbrio financeiro e desportivo, mas não pode permitir que o Benfica perca qualidade individual em detrimento de milhões como fez com Neves, de forma prematura na minha opinião.»
«Deverá alertar o treinador, se efetivamente é o foco da tensão que existe à volta dos jogadores e de toda a insatisfação, tem de meter o dedo na ferida. Alguém tem de chamar o treinador à atenção, não pode fazer uma gestão do plantel como a do ano passado», concluiu.